sábado, 30 de julho de 2011

1º e 2º Corintios (Parte 09)

O Culto a Deus e sua Direção
Os crentes de de Corinto haviam abandonado a verdadeira comunhão, incorrendo na prática de varios pecados: imoralidades, heresias, divisões, distorções na adoração cristã etc. Neste texto em especial, Paulo instrui aos corintios sobre a ordem no culto, pois o abuso dos dons espirituais havia criado um clima de absoluta desordem nas reuniões da igreja.
A Realidade do Culto na Igreja dos Corintios
1) O individualismo e estrelismo.
É caracteristica dos seres humanos competir entre si e lutar pela autopromoção. O individualismo e estrelismo tem levado muitos ao egoismo. E alguns, inclusive, chegam a dizer: "Não quero servir de degrau a ninguém". Entre os corintios, predominava o mesmo sentimento: "Cada ator queria ser o centro das atenções". Mas tal atitude é inconveniente ao povo de Deus, pois vem criando um cenário de desordem na Igreja de Cristo.
2) A confusão no uso dos dons.
Avivamentos genuinos são produzidos pelo Espirito Santo; entretanto, nenhum avivamento esta livre de excessos, exclusivismos e atitudes carnais. Para que isto não ocorra, tem de haver discernimento quanto as regras que a Palavra de Deus apresenta sobre o assunto.
3) A ênfase nas experiencias pessoais.
Nossas experiencias, embora muito importantes, não podem ser colocadas no mesmo nivel da Palavra de Deus como regra infalivel de fé e pratica. Elas precisam ser submetidas ao crivo da Palavra de Deus; somente a biblia nos deve dirigir.
4) A falta de discernimento entre o sacro, o humano e o diabólico.
Nem todas as manifestações são de procedencia divina. Pois os dons podem ser imitados pelos demonios e simulados pelos homens. Temos visto varios enganadores adentrando a igreja e enganando a muitos. Mas quando o crente põe a biblia como primazia em sua vida, a distinção e a identificação das fontes das diversas manifestações espirituais tornam-se possiveis e praticaveis.
A Organização do Culto
1) Ingredientes do culto.
Conforme 1Corintios 14, o culto é resultado do ajuntamento de pessoas que tem como objetivo principal adorar a Deus, e edificar-se umas as outras. Nessa reunião, destacam-se dois elementos: Doutrina e Salmos. O último relaciona-se a musica na igreja. Por doutrina, entendemos os fundamentos da nossa fé; são os principios sobre os quais a fé esta fundamentada.
O culto precisa sempre priorizar a Palavra de Deus; de nossos púlpitos, ela deve ser explanada e ensinada de forma continua e exaustiva. O conhecimento e a pratica das doutrinas é que determinam a maturidade espiritual do crente.
2) Quanto a duração do culto.
Não sera pelo muito falar que seremos ouvidos. Muitas reuniões arrastam-se por horas a fio, sem necessariamente serem edificantes. Não é apropriado terminarmos muito tarde nossos cultos pois, além de gerar tedio e indisposições, muitos terão de se levantar cedo no dia seguinte para trabalhar. É de bom senso que nossos cultos comecem pontualmente, e tenham entre uma hora e meia e duas horas de duração.
3) Relação entre pregação-ensino e a musica nos cultos.
O propósito da musica evangelica é edificar e levar o povo a adoração. No entanto, ela deve ser bem escolhida. Algumas letras são utilizadas para promover a idolatria, o paganismo e o culto a demonios. Nossa musica precisa ter, basicamente: 1) verdade biblica; 2) espirito de adoração. É importante frisar e relevancia da musica, e de igual modo é bom deixar claro que o destaque e o espaço maior devem ser sempre dados ao ensino e pregação da Palavra. É preciso evitar os excessos das cantorias interminaveis, e utilizar a musica de forma inteligente e realmente edificante.
4) Quanto as participações individuais no culto.
Cada qual deve aproveitar as oportunidades para participar dos cultos com bom senso e educação. Há um padrão quanto ao tempo destinado ao canto, a saudação, ao testemunho ou para pregar.
O cantor deve obedecer a limitação quanto ao numero de hinos com que participara no culto. Quem é chamado para dar uma saudação, ou um testemunho, não deve pregar. É de bom tom que todos sejam avisados de sua participação, com antecedencia, pelo pastor ou dirigente, evitando assim os improvisos. O tempo na casa do Senhor é precioso; se cada um permanecer em seu lugar, tudo corre de forma ordeira.
Quanto aos Dons Espirituais
1) Finalidade.
A finalidade dos dons do Esprito Santo é a edificação do corpo de Cristo: "faça-se tudo para edificação" (1Co 14:26). O Espirito Santo é quem opera a edificação da pessoa e da Igreja. Edificar significa criar bases solidas para a existencia. Edificar o crente significa conscienteza-lo de seus direitos e responsabilidades como filho de Deus. Isso tambem implica na instrução e aperfeiçoamento de sua vida espiritual, moral e ética.
2) Regulamentação.
"Somente dois ou tres devem falar e que haja interprete" (1Co 14:27). Neste verso, Paulo disciplina o falar em linguas, permitindo apenas que duas ou, quando muito, tres pessoas falem de cada vez. Estas restrições foram colocadas para eliminar a desordem reinante entre os corintios. Deve ser feito um de cada vez, v.27. Paulo não apenas limita o numero de pessoas, mas afirma que devem falar um de cada vez. A expressão "e por sua vez", v.27, significa: sucessivamente, consecutivamente.
Além disso, deve haver interpretação. Se não houver interprete, que o crente esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus. Ou seja: deve-se falar em liguas em voz baixa, v.28.
As profecias devem ser julgadas, vs. 29,31; tambem estão sujeitas a normas. Nenhuma profecia (excetuando as da biblia) é infalivel. "E falem dois ou tres profetas e os outros julguem". Toda profecia deve ser julgada para que a ação dos espiritos enganadores seja contida. É errado ao crente sair consultando profetas. A Palavra de Deus deve ser nossa referencia primeira na busca de orientações para os nossos problemas. "Qual deve ser a atitude da igreja com as profecias? Primeiro, não despreza-las, pois, a biblia nos manda procurar com zelo os dons espirituais, principalmente o de profetizar, isto quer dizer que ela é util a igreja (1Co 14:1). Segundo, ensinar sobre ela disciplinando seu uso para que não se incorra em meninices, infantilidades e confusões. Terceiro, submeter seu conteudo a avaliação. Todas as profecias devem ser testadas segundo o padrão da doutrina biblica (cf. Dt 13:1-3). Isto significa que os crentes devem ficar atentos ao seu cumprimento (cf. Dt 18:22), e atentos tambem no caso de ela não se cumprir". cf. Biblia de estudo Pentecostal, Edições CPAD.
Finalidades do Culto
Segundo 1Co 14:26, tudo deve ser feito para edificação. Este é, portanto, o propósito principal do culto. Entre tanto, para que haja edificação é imprescindivel a observância de alguns elementos:
1) Comunhão.
1João 1:7 nos diz que "se andarmos na luz, como ele na luz esta, temos comunhão uns com os outros". O encontro na igreja é a oportunidade que se oferece ao crente para uma comunhão mais intima com Deus e, tambem, para partilhar com os irmãos nossas bençãos, experiencias e necessidades. O bom relacionamento entre os irmãos é de fundamental importancia para o nosso crescimento espiritual.
2) Adoração.
O culto é o momento em que a igreja adora ao Senhor em louvor, oração, manifestando gratidão por suas bençãos e proteção. A fim de adorar ao Senhor, nós, seus servos, devemos nos prostrar diante dele com respeito, admiração e temor. Sem adoração, a vida pode ser tudo, menos cristã, pois vida cristã exige adoração ao Rei do universo (Gn 24:26; Sl 42:4; 1Cr 29:20).
3) Dissertação das Escrituras.
O maior impacto que o homem pode receber é o da pregação profundamente biblica. Alem de quebrantar o homem, ela o desenvolve intelectualmente para crescer no conhecimento e evitar fantismos. Toda ação de adoração na igreja deve ser seguida de reflexão para que se não caia em exageros e distorções. Adoração sem reflexão pode conduzir a balburdia e a praticas antibiblicas. Esta era a situação da igreja de Corinto.
4) Trabalho.
No culto e atraves dele, aprendemos que o trabalho na casa do Senhor é função de todos. As vezes acha-se que o trabalho na Casa do Senhor é obrigação do lider da igreja e do ministerio local. Esta posição constitui-se em grande erro, pois nenhuma pessoa salva por Jesus esta fora desta obrigação. A igreja, além de ser uma comunidade adoradora, é, tambem, uma comunidade trabalhadora. Trabalhar para o Senhor é um dos maiores privilegios do crente. Reflexao biblica que não conduz ao trabalho pode gerar intelectualismo e vida espiritual insossa e sem significado.
Conclusão
O culto, quando obedece as diretrizes da biblia é sempre uma grande benção. Como diz o salmista: "alegrei-me quando me disseram, vamos a casa do Senhor". Que Deus nos ajude a praticá-lo com ordem e decencia

domingo, 3 de julho de 2011

1º e 2º Corintios (Parte 08)

A Excelência do Amor de Deus
O amor não é somente superior aos dons, mas é o elemento legitimador de seu uso na edificação da igreja. Ele leva ao equilibrio; é o grande principio de toda ação; ele supera tudo.
O amor pode ser definido como "a mais profunda expressão pessoal possivel". Nas palavras do Divino Mestre, é uma atitude que envolve o coração, a mente e a vontade (Mt 22:35-37). O amor não é um mero sentimento; é o poder de Deus que atua na personalidade inteira do homem.
A Excelência do Amor
1) Sua base.
Paulo termina o capitulo 12 de sua primeira epistola aos corintios com as seguintes palavras: "E eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente" (1Co 12:31b). Nas palavras do apóstolo, o exercicio dos dons espirituais é algo excelente, mas existe algo "sobremodo" excelente. No texto de 1Co 13:1-3, o autor afirma que sem amor nada teria valor.
A omissão ao amor anula tudo; nenhuma pratica legalista pode substituir seu exercicio. A biblia é a base de sua excelência.
2) Sua superioridade sobre o conhecimento.
Os corintios viviam num periodo de grande ênfase ao conhecimento, e se vangloriavam do seu grande saber. Entretanto, o dominio que eles tinham do conhecimento não foi suficiente para arranca-los ao clima de facçoes, conflitos e confusões em que estavam envolvidos, pois não tinham a sabedoria de que fala Tiago 3:17. A razão é simples: o conhecimento sozinho a nada conduz; mas, submisso ao amor, torna-se de grande utilidade. Por esta razão, Paulo resolveu falar-lhes "de algo mais excelente ainda". O amor desfaz as barreiras, supre o coração de bondade e da ao homem a verdadeira sabedoria.
3) Sua superioridade sobre a imoralidade.
É comum ver o erro que nossa sociedade comete ao ligar o amor as praticas de turpadas do sexo. A indiferença ao que ensina a biblia tem gerado um clima de promiscuidade e desrespeito. Coisas puras como a virgindade, namoro, noivado, fidelidade conjugal estao perdendo o valor. Como a igreja de Corintios achava-se envolvida num clima de imoralidade, Paulo decidiu lançar mão do amor como meio de banir a malicia e a maldade. É o que o mundo atual esta precisando.
4) O amor regulamenta o uso dos dons espirituais.
A igreja de Corinto, além de não ser composta de pessoas familiarizadas com os ensinos do Antigo Testamento, ainda não havia aprendido os principios do Novo Testamento. Desta forma, o trabalho de Paulo tornava-se muito dificil.
O abuso em relação aos dons e a desordem no culto era uma caracteristica marcante daquela igreja. Os dons eram manifestados sem base biblica, causando grande confusão; tinha-se muito "poder" sem nenhuma ética. Eles viam nos dons espirituais o bem superior da vida cristã; por isso Paulo disse: "eu vos mostrarei um caminho mais excelente".
O amor deve conduzir os passos de toda igreja e de todo homem, pois prepara o coração de todos no sentido de se evitar partidarismos, exclusivismos e excessos na prática da Palavra de Deus.
5) O amor produz progresso espiritual.
O crente se desenvolve e cresce espiritualmente quando se põe atento ao processo de transformação em que o Espirito Santo o colocou. Ele esta sendo transformado a fim de alcançar a estatura de varão perfeito, e isto tem tudo a ver com o amor derramado em nossos corações pelo Espirito Santo.
No jardim do Eden, o homem pecou, comprometendo a imagem de Deus recebida na criação; porém, quando é salvo e redimido no sangue de Jesus, o Espirito Santo lhe ensina que a bandeira maior do Senhor sobre seus filhos é o amor. Desta forma, ele resgata progressivamente a natureza de Deus outrora perdida. Devemos duvidar de todo crescimento espiritual que não esteja relacionado com o amor.
O crescimento é diretamente proporcional ao amor.
O Alcance do Amor
1) O amor de Deus aos homens.
Em João 3:16, lemos que Deus amou o mundo; isto é, ele amou a humanidade como um todo e por ela enviou seu Unigênito ao mundo. Os pecados e a infidelidade do homem entristeceram a Deus. Todavia, não impediram o efeito de seu amor pela humanidade. A razão é simples: O amor de Deus é espontâneo; não exige qualquer valor da pessoa amada. Ele poderia ter vivido e ternamente sem ter criado o homem, pois é autosuficiente; não precisava de nós para existir, mas Ele nos fez por amor e por amor resgatou-nos quando nos achavamos perdidos. Leia tambem 1Jo 4:9,10.
2) O amor do homem a Deus.
Mt 22:37, Jesus expõe o modo como Deus deve ser amado: "de todo teu coração, de toda tua alma, de todo teu pensamento". A adoração do homem a Deus deve ser com todo o seu ser, com toda sua personalidade. Claro esta que isto não significa a mera pratica de algum ritual ou de leis cerimoniais, mas é, antes de tudo, o resultado da devoção pessoal e da oper~ção de Deus no coração humano. O amor a Deus é um sumário de nossa comunhão e obediência a seus mandamentos (Js 22:5).
3) O amor do homem a si mesmo
Em Mt 22:39, Jesus, completando sua resposta ao doutor da lei, acrescentou: "e o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu proximo como a ti mesmo". A expressão "como a ti mesmo", significa que o amor a nós mesmos deve ser a referencia para o nosso amor aos nossos semelhantes. Há nisso dois pontos a destacar: primeiro, é preciso cuidado com o egoismo e narcisimo comum aos homens, amando-se mais do que deveriam; segundo, quem não se ama, como é que poderá amar o seu irmão? Ter auto-estima, gostar de si mesmo, é fundamental ao ser humano; o crente não pode viver a reclamar da vida, como alguem a quem Deus não olhasse, um desvalido. Deus não faz acepção de pessoas, somos todos amados e abençoados na mesma proporção.
4) O amor ao proximo.
Deus nos deixou como mandamento que nos amassemos uns aos outros assim como Ele nos amou. Deste mandamento dependem toda lei e os profetas. O nosso amor a Deus manifesta-se atraves de nosso amor aos nossos semelhantes. Quando amamos ao proximo, estamos amando tambem ao Criador. O texto de 1Jo 4:7, 11, 12, 20, 21 deixa claro que a relação do homem com o Tedo-Poderoso esta intimamente ligada as suas atitudes para com os que convivem com esse homem na mesma igreja, familia, cidade ou pais.
Ser indiferente e tratar com desprezo as necessidade do semelhante é tambem colocar-se a margem de qualquer relação de amor com o Pai, pois dele temos esta advertencia: "aquele que não ama a quem ve, não pode amar a Deus, a quem não ve" (1Jo 4:20). Esse amor não deve ser apenas um sentimento abstrato, mas ha de comprovar-se atraves de obras e de fatos, conforme 1Jo 3:16,17.
As qualidades do amor (vv. 4-7)
1) O amor é sofredor (v.4)
Esta expressão desmente o que ensinam os "teologo da prosperidade", quando eles relacionam o sofrimento, unilateralmente, a falta de fé ou a pratica de pecados. E nos leva a pensar na situação real dos que vivem nas camadas altas da sociedade onde o bem maior da vida é a busca do prazer (hedonismo), não importanto se tais praticas são certas ou erradas diante de Deus. O amor é sofredor, isto é, aceita confiantemente as adversidades da vida sem ressentimemntos contra Deus ou contra os homens. Ensina-nos a "lançar sobre o Senhor todas as nossas ansiedades, porque Ele tem cuidado de nós 1Pe 5:7". O amor tudo sofre, tudo espera, tudo suporta (v.7).
2) O amor é benigno (v.4).
A benignidade implica numa atitude constante de misericordia e bondade. Este é um dos aspectos do fruto do Espirito Santo (Gl 5:22). Neste sentido, o crente deve ser sempre alguém util e gentil. Util no sentido de estar pronto a demonstrar amor ativo ao proximo, alimentando os famintos, dando agua aos sedentos, hospedando a quem necessita, vestindo ao que esta nu, visitando os enfermos e encarcerados (Mt 25:35,36). Gentil, no sentido de mostrar cortesia e boas maneiras no trato com as pessoas em geral.
É inaceitavel, no crente, a falta de educação e a pratica de grosserias. O amor não se irrita (v.5), não suspeita mal (v.5).
3) O amor não é invejoso (v.4).
Inveja e despeito são vicios co-irmãos do ciume. Os crentes de Corinto estavam totalmente contaminados pelo virus da inveja. Quando notavam que um irmão tinha mais talentos, ou dons, desprezavam-no. Era assim que agiam os menos dotados.
A atitude de inveja é absolutamente carnal e diabolica, jamais pode caminhar com quem é "morada do Espirito Santo". Normalmente, a pessoa invejosa se entristece quando alguem tem algo que ela gostaria que fosse seu; entretanto, o verdadeiro amor produz no crente uma atitude altruista; ele regozija-se com a felicidade e o sucesso do irmão, como se fossem dele mesmo (Rm 12:9,10,15).
Conclusão
O amor é a virtude principal da vida cristã; é fruto do Espirito Santo. O divino agricultor é quem o cultiva no homem, tornando-o cada vez mais parecido com o Divino Mestre