sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A VONTADE DE DEUS...



Um Estudo Sistemático de Doutrina Bíblica

A VONTADE DE DEUS

A vontade de Deus aqui se usa para abarcar o seguinte: (1) A faculdade de Deus auto-determinar-se e escolher. (2) A preferência inerente de Deus. (3) O propósito e plano de Deus.
I. QUALIDADES DA VONTADE DE DEUS
1. LIBERDADE.
Liberdade da vontade, quer de Deus, anjos ou homens, significa que a vontade não está constrangida por qualquer coisa fora da natureza do ser que a possui. Mas não quer dizer que a vontade pode agir independente do ou contrário ao carácter desse ser. Na operação da vontade temos simplesmente um ser moral preferindo, escolhendo e determinando cursos de ação em vista de motivos. Os motivos influenciam, mas não constrangem a vontade. A energia relativa dos motivos é determinada pelo carácter. A vontade jamais está sujeita ao capricho ou à arbitrariedade.
2. FORÇA.
Falamos de alguns homens a quem falta força de vontade. Por isto queremos significar que lhes falta a força de vontade para quererem o que deveriam querer. Isto resulta da perversidade do carácter ou da natureza do homem através do pecado. Mas não há falta de força em Deus para querer o que Ele deveria querer. O Seu carácter é perfeitamente santo. Consequentemente, Deus sempre quer aquilo que é perfeitamente santo, justo e bom.
II. FASES DA VONTADE DE DEUS
1. VONTADE OU PROPÓSITO DE Deus.
Deus propôs ou decretou tudo que se tem passado e tudo que ainda terá de passar. Salmos 135:6; Isaías 46:10; Daniel. 4:35; Atos 2:23; 4:27,28; 13:48; Romanos 8:29,30; 9:15-18; Efésio 1:11. Estas passagens mostram que Deus é um soberano absoluto ao dirigir todos os negócios deste mundo e ao distribuir a graça salvadora. Sua vontade de propósito inclui tanto o mal como o bem, tanto o pecado como a justiça e é sempre executada perfeitamente. Mas são necessárias as seguintes subdivisões da vontade e do propósito de Deus.
(1). O Propósito Positivo de Deus.
Deus é a causa ativa e positiva de todo o bem. Tudo que é bom é o resultado da operação eficiente do poder de Deus, quer directamente ou por meio de Suas criaturas. É a esta subdivisão da vontade e do propósito de Deus que se aplica Filipenses 2:13, que nos diz: "É Deus que opera em vós tanto o querer como o efectuar, segundo a Sua boa vontade".
(2). O Propósito Permissivo de Deus.
Deus não é a causa do mal; mas, por razões justas, santas e sábias, só por Ele inteiramente conhecidas, Ele decretou permitir aquele mal que vem a acontecer, dominando-o para Sua própria glória. É à vontade permissiva de Deus que se refere a Escritura, quando diz: "seguramente a ira do homem Te louvará e o remanescente da ira Tu o restringirás" (Salmos 76:10). Esta passagem frisa que Deus restringe os homens de fazerem mais pecados do que Ele se apraz dominar para Sua glória; portanto, Ele lhes permite cometerem tal pecado como o que cometem. Ele podia guardar os homens de todo o pecado tão facilmente como Ele os detém no lugar apontado. Não podemos dar razão porque Deus permite o pecado que satisfará a mente carnal, mas o fato que Ele o faz é abundantemente claro; e, desde que Deus sempre faz o bem, sabemos que é direito para Ele permitir semelhante pecado como o que se vem a passar.
Em Atos 2:23 e 4:27,28 temos uma clara afirmação que a crucificação de Cristo foi parte da vontade propositante ou decretaste de Deus. Mas sabemos que Deus não fez os crucificadores fazerem eficientemente o que eles fizeram, que tal tornaria Deus responsável pela morte de Cristo: Deus meramente retirou o Seu poder restritivo e permitiu aos crucificadores proceder segundo os seus próprios desejos maus. Isso é tudo que Deus tem a fazer para alcançar o perpetramento de qualquer pecado que lhe apraz dominar para Sua glória. O homem cometerá qualquer pecado que Deus lhe permitir cometer.
O endurecimento do coração de Faraó, segundo Êxodo por menoriza, e fazer vasos para desonra (Romanos 9:31) são para ser entendidos como vindos sob o propósito permissivo de Deus.
As seguintes citações podem ajudar a exemplificar a relação de Deus com o pecado. "Que o pecado procede dos homens mesmos; que, pecando, eles realizam esta ou aquela ação, é de Deus, que divide as trevas segundo o Seu prazer" (Agostinho). "Deus não é a força causadora, mas a força dirigente nos pecados do homem. Os homens estão em rebelião contra Deus, mas não estão fora de sob o Seu controle. Os decretos de Deus não são a causa necessitante dos pecados do homem, mas os limites e as directrizes predeterminados e prescritos aos atos pecaminosos dos homens" (C. D. Cole, Baptist Examiner, March. 1, 1932). "Os desejos do pecado são os desejos do homem; o homem é culpado; o homem é para ser acusado, mas o Deus omnisciente impede esses desejos de produzirem ações  indisciplinadamente, Ele compele esses desejos a tomarem um certo curso divinamente estreitado. As enchentes da iniquidade são do coração dos homens, mas não lhes é concedido cobrirem a terra: são trancadas pelo apontamento soberano de Deus no Seu canal e assim são os homens despercebidamente contidos em represas, de modo que nem um jota do propósito de Deus cairá. Ele traz as torrentes dos ímpios ao canal de Sua providência a moverem o moinho do Seu propósito" (P. W. Hedward).
2. A VONTADE DE PRECEITO DE DEUS.
Faz-se clara distinção em Deuteronômio 29:29 entre a vontade de propósito de Deus e Sua vontade de preceito. Diz esta passagem: "As coisas secretas pertencem a Jeová nosso Deus, mas as que estão reveladas pertencem-nos e aos nossos filhos, para que façamos todas as palavras desta Lei". "As coisas secretas" têm referência à vontade decretaste de Deus ou Sua vontade de propósito". "As coisas que estão reveladas" têm referência à vontade perceptiva de Deus ou Sua vontade de mando.
A vontade perceptiva de Deus difere da Sua vontade de propósito em esta abarcar tanto o mal como o bem, ao passo que a vontade perceptiva abarca só aquilo que é bom em si mesmo. Uma outra diferença entre estas duas fases da vontade de Deus está no fato que a vontade prepositiva de Deus é executada sempre, enquanto que a sua vontade perceptiva se cumpre muito imperfeitamente na terra. A vontade perceptiva de Deus fixa a responsabilidade do homem; a prepositiva nada tem a ver com essa responsabilidade.
3. VONTADE PRAZENTEIRA DE DEUS.
A referência aqui é ao prazer e desprazer nas coisas em si mesmas consideradas em contraste com coisas consideradas como um todo. Considerado em si mesmo, Deus nunca se agradou do pecado. Considerada em si mesma, Deus está sempre agradado com a verdadeira justiça; mas, em vista de coisas como um todo, Ele não decretou que todos os homens virão à justiça.
Não suponha ninguém que aqui se quis dizer que Deus teria algumas coisas a acontecer que Ele não pode fazer que aconteçam; ou que Ele impediria que acontecessem algumas coisas que Ele não pode impedir. Deus sempre executa o que Ele quer executar, mas, ao fazê-lo, Ele usa aquilo que em Si mesmo não é uma coisa agradável a Ele. Tal como um pai, tomando gosto no devido treino de um filho, muitas vezes castiga o filho, não obstante o fato que o castigo em si mesmo não proporciona prazer ao pai.
O prazer de Deus em coisas como um todo sempre se realiza. "O nosso Deus está nos céus; Ele fez tudo o que Lhe aprouve" (Salmos 115:3). "O que quer que a Jeová agradou, isso Ele fez, no céu e na terra, nos mares e em todos os abismos" (Salmos 135:6). "Declarando o fim desde o princípio e desde os velhos tempos as coisas ainda não feitas; dizendo: O meu conselho ficará firme e farei toda a minha vontade" (Isaías 46:10).
É na base da fase da vontade de Deus agora sob consideração que Ezequiel 33:11 se explica e se entende (Talvez devamos entender 2 Pedro 3:9 da mesma maneira, mas não 1 Timóteo 2:4. Vide a Versão Revista de 2 Pedro 3:9 e exposição em "An Americam Commentary on the New Testament". Em 1 Timóteo 2:4 "todos" alude a todas as classes. Vide exposição do v. 6 no capítulo sobre expiação). Contudo, a morte aqui mencionada não é a morte espiritual, mas a morte física no assédio babilônico; mas a relação da declaração com a vontade de Deus é a mesma. Em si mesmo considerada, a ruína dos israelitas no sitio babilónico não foi coisa agradável a Deus; mas, considerada em conexão com as coisas como um todo, Deus decretará permitir a morte de muitos deles.
A salvação dos homens é em si mesma coisa agradável a Deus como se evidencia pelo Seu mandamento que todos os homens se arrependam (Atos 17:30); mas Deus não decretou ou propôs que todos se salvassem.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Gênesis 12:1-4

A GRAÇA DE DEUS NOS CHAMA AO DISCIPULADO
Na leitura de Lucas (5.1-11) os pescadores Pedro, Tiago e João experimentaram a graça de Deus e foram chamados ao discipulado: "Não temas, de agora em diante serás pescador de homens" - disse Jesus para Pedro. Ou seja, Jesus chamou Pedro... E vocês lembram... Qual foi a reação de Pedro; qual foi a resposta?! (Ele largou redes e seguiu a Jesus).
-O que Pedro precisava fazer para ser um discípulo de Jesus?! Estudar?! - NÃO. Simplesmente CONFIAR e SEGUIR.
O texto fala ainda de outro homem que passou por uma experiência parecida com a de Pedro. Muitos séculos antes de Cristo, um homem chamado ABRAÃO recebeu um convite de Deus. Vamos ver qual foi a sua reação, em Gênesis 12.1-4. (ler)
1 – Quem era Abraão? - Na sua época, Abraão era um ilustre DESCONHECIDO. Era um "João ninguém" . Uma pessoa igual a tantas outras pessoas que andavam pra lá e pra cá pelo deserto em busca de pasto e água para o seu gado. Mas Deus escolheu aquele homem desconhecido a fim de iniciar COM ELE a história da salvação.
Após o homem cair no pecado, a história humana tomou dois rumos: descendentes de Caim ímpios e mundanos (Gênesis 4) e descendentes santos de Sete (Gênesis 5). O entrelaçamento dessas duas descendências ocasionou a corrupção de toda a espécie humana (Gênesis 6). Após o dilúvio, a humanidade teve um novo começo com a família de Noé (Gênesis 6-10). Mas, o acontecimento de Babel demonstra o tamanho do egoísmo das pessoas, que acabaram não se entendendo mais e a tendência para a apostasia (Gênesis 11), e a humanidade rumou direitinho para a escuridão da apostasia e da idolatria. Um dos descendentes dos construtores da torre de Babel era Abraão.
A este Abraão Deus escolheu para iniciar com ele a longa história da salvação, esta história que mostra o AMOR e a PACIÊNCIA de Deus com seu povo; essa história que passa pelo sacrifício de Jesus no Gólgota e vai até a vinda do novo céu e da nova terra que esperamos.
Essa história Deus começa com uma pessoa só. Isso é característico do Reino de Deus: um início pequeno e insignificante, uma só pessoa, e ainda um idoso de 75 anos de idade. ... - Jesus contou uma vez uma parábola que também ilustra este segredo do Reino de Deus: O Reino de Deus é como um grão de mostarda, a menor entre as sementes, mas lançado na terra cresce e se desenvolve, até se tornar um arbusto respeitável (Mt 13.31-32).
Mas, é interessante observar: o autor deste milagre é Deus! ELE fez o início. É Deus quem age! Deus escolhe Abraão e o usa para lançar a semente e construir o seu Reino.
Existem certos grupos que pensam: Nós devemos construir o Reino de Deus na terra! Não adianta ficar orando! ... - Está certo que nós temos que trabalhar; mas não podemos esquecer o que a Bíblia nos ensina: É Deus quem constrói o seu Reino. Sim, Ele precisa de pessoas para isto! No entanto, não pessoas com suas próprias idéias e filosofias, mas sim, PESSOAS OBEDIENTES A DEUS; pessoas que aceitam o chamado de Deus e estejam dispostas a obedecer a orientação de Deus (e não orientação de homens). As pessoas que aceitam o chamado de Deus é que formam a terra fértil onde Deus pode lançar a semente do seu Reino.
2 - Como Abraão reagiu ao chamado de Deus? - O v.4 dá a resposta: "ele partiu"! - Uma palavra bem curta que mostra a fé de Abraão. Ele CONFIA e OBEDECE. Nenhuma dúvida, nenhuma pergunta vem de Abraão. Nenhuma demora. Abraão simplesmente obedece e parte assim como Deus mandou.
Imagino que isso não foi fácil pra ele! Observem no v.1 que ordem ele recebeu! A pátria, os parentes e amigos, a casa... isso tudo ele deve deixar. Em outras palavras: tudo o que ele construiu e conquistou durante 75 anos, ou seja, toda uma vida ele deve deixar para trás. Deixar tudo isso significa: abandonar aquilo que oferece segurança e proteção. - E o que tem na sua frente? A incerteza de uma terra desconhecida. Nem mapas, nem fotos, nada Abraão conhece. Ele só tem a promessa de Deus: "eu te mostrarei".
Assim, Deus espera que Abraão se entregue incondicionalmente em suas mãos. E Abraão aceita este desafio. Isso é FÉ em Deus: OUVIR a sua palavra, ACEITAR a sua palavra, TOMAR A SÉRIO a sua palavra, e CONFIAR na sua palavra.
É assim que Deus constrói o seu Reino: com pessoas que arriscam de confiar e obedecer a ele. Alí ele pode ser Rei e governar; alí ele pode ser Senhor e ensinar o amor verdadeiro, o amor que não fica só na oração, mas que se torna ativo, construtivo.
- O que podemos aprender disso? - Também de histórias antigas como esta de Abraão nós podemos aprender. Abrão é um exemplo.
Muitas vezes, se eu olho para Abraão e sua grande fé, eu desanimo / me envergonho, porque acho que eu não tenho uma fé tão grande. Como seres humanos, nós tentamos crer, QUEREMOS ter uma fé como a de Abraão, mas sempre de novo descobrimos as nossas falhas! Além disso, nós sempre queremos GARANTIAS antes de entrar em algo arriscado. É interessante, na comunidade, a cada vez que surge uma nova idéia de trabalho, a 1a pergunta que a gente se faz é: "será que vai dar certo? Será que o pessoal vai topar? Será que eu tenho capacidade pra isso? " - E não deveria ser assim. Sempre quando Deus nos desafia, nós deveríamos abraçar a causa e entrar de cabeça, SEM MEDO, mas com CONFIANÇA TOTAL em Deus, assim como Abraão.
Por outro lado, graças a Deus que, a Bíblia não nos manda olhar para Abraão. Ninguém precisa ser igual a Abraão. A Bíblia nos manda olhar para Jesus! Olhar para aquele que aceita e convida até mesmo homens de pequena fé. Se a tua fé é do tamanho de um grão de mostarda, isso não importa. O que importa, é que DEUS NOS CHAMA, nos CONVIDA, e nós devemos abrir os nossos corações a ele, e devemos tentar CONFIAR nele e obedecer.
Se, com toda a sinceridade nós oramos "seja feita a tua vontade também em minha vida" então Deus vai nos usar para a construção do seu Reino eterno.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A CONVERSÃO... Continuação.

Um Estudo Sistemático de Doutrina Bíblica

A CONVERSÃO


2. A ESCRITURA EXPLICADA parou
Sendo verdade que a conversão é o resultado de vivificar e, portanto, não uma condição disso, pode ser perguntada como entendermos aquelas passagens que fazem da fé uma condição de filiação. Vide João 1:12; Gal. 3:26. Respondemos que essas passagens se referem à filiação através da adoção e não a filiação através da regeneração. Como já notamos, a adoção é um termo legal: ela vem como um resultado imediato da justificação. Não é o mesmo como um resultado imediato da justificação. Não é o mesmo como a regeneração. Ela confere o direito de filiação. A regeneração confere a natureza de filhos.

III. A RELAÇÃO CRONOLÓGICA DA VIVIFICAÇÃO E DA CONVERSÃO
Porque a vivificação precede logicamente a conversão não é prova que assim o faz cronologicamente, ou quanto ao tempo. Mantemos que a vivificação não precede a conversão em matéria de tempo senão que ambas são sincrônicas ou simultâneas. Notemos:
1. ARGUMENTOS EM PROVA DISTO
(
1). Uma diferença cronológica entre vivificação e conservação envolveria a monstruosidade de um individuo com vida do alto e, contudo na incredulidade.
Na comunicação da vida divina participamos da natureza de Deus (2 Ped. 1:4). E é impossível que semelhante natureza fosse à incredulidade. Todos os incrédulos na Bíblia dizem-se como estando mortos. Daí, não pode ser que haja ainda um tempo quando haja vida sem fé.
(2). A Escritura declara que somente o que tem o Filho tem vida.
Isto está declarado em 1 João 5:12. Ter o Filho envolve crer no Filho. Daí, ninguém tem a vida exceto crentes; ou, para pô-lo de outra maneira, todos os que têm vida são crentes; logo, não pode haver período algum de tempo entre vivificar e converter.

2. EXPLICAÇÃO
Como pode haver uma sucessão lógica sem uma sucessão cronológica? Um número de ilustrações podia ser dado para mostrar que é possível, mesmo no reino físico. Uma ilustração apta é como segue. Imagine-se um tubo que vá da costa do Atlântico dos Estados Unidos ao Pacífico. Agora imaginai também que este tubo está cheio de um fluido incompreensível. Que se faça pressão deste fluido na costa atlântica, instante mente será registrada no Pacífico. Todavia, logicamente, a exerção da pressão deve preceder o assentamento dela no outro extremo.
Damos então a seguinte bela ilustração da simultaneidade de vivificação e conversão. É de Alvah Hovey, como dada por A. H. Strong: “Ao mesmo tempo em que Deus faz sensível a chapa fotográfica, Ele derrama a luz da verdade por meio da qual se forma na alma a imagem de Cristo. Sem a sensibilização da chapa ela nunca fixaria os raios de luz de modo a reter a imagem. No processo de sensibilizar, a chapa é passiva; sob a influência da luz é ativa. Tanto em sensibilizar como em tirar o retrato o agente real não é nem a chapa nem a luz, mas o fotógrafo. Fotógrafo não pode executar ambas as operações no mesmo momento. Deus pode. Ele dá o novo afeto e no mesmo instante Ele consegue o seu exercício em vista da verdade.”

3. OBJEÇÃO RESPONDIDA.
A posição pré-citada pode ser objetada que “a tristeza divina obra arrependimento” e que um morto em pecado não pode ter tristeza divina. Isto é verdade, mas a tristeza divina obra arrependimento instantaneamente e é sincrônico com o arrependimento. É impossível conceber apropriadamente um homem como tendo tristeza divina sem possuir também uma mente mudada ou atitude mudada para com o pecado. A tristeza divina, a mesma como vivificar, precede logicamente o arrependimento, mas nenhuma delas o precede cronologicamente. 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A CONVERSÃO...

Um Estudo Sistemático de Doutrina Bíblica

Virando do lado divino da salvação para o humano, somos trazidos a uma consideração da conversão. Notamos:
I. A CONVERSÃO DEFINIDA

1. A CONVERSÃO PROPRIAMENTE

Por conversão propriamente queremos dizer o sentido técnico e teológico em que o termo é comumente usado. Neste sentido tem sido definido como segue:
“Conversão é aquela mudança voluntária na mente do pecador em que ele se vira do pecado, por um lado, e para Cristo, doutro lado. O elemento primário e negativo da conversão, nomeadamente, virar-se do pecado, denominamos arrependimento. O elemento da conversão, último e positivo, nomeadamente virar-se para Cristo, denominamos fé.” E outra vez: “Conversão é o lado humano ou aspecto daquela mudança espiritual fundamental, que, vista do lado divino, chamamos regeneração.” - A. H. Strong, em Systematic Theology, pág. 460.

Podemos ir mais longe do que Strong vai à última citação e dizer que a regeneração, ou o novo nascimento, no seu sentido mais largo, inclui a conversão, que está assim apresentada em tais passagens como Ti. 1:18 e 1 Pedro 1:23, onde a Palavra de Deus está distintamente representada como o instrumento do Espírito Santo na regeneração. Se o novo nascimento significasse somente a comunhão de vida, então não haveria necessidade da instrumentalidade da Palavra. De modo que podemos dizer que a regeneração tem tanto do lado divino como do humano. O lado divino podemos chamar vivificação e o humano conversão. Aquelas passagens que falam de vivificação tem referência, talvez, só ao lado divino , enquanto que as passagens que falam de regeneração, gerar e nascimento, referem-se à obra completa de trazer o homem do pecado à fé salvadora em Cristo.

2. CONVERSÃO NO SEU SENTIDO GERAL
“Do fato de a Palavra “conversão” significar, simplesmente, um “virar”, toda volta do cristão do pecado, subseqüente à primeira, pode, num sentido subordinado, ser denominado uma conversão (Lc. 22:32). Desde que a regeneração não é santificação completa e a mudança da disposição regente não é idêntica à purificação completa da natureza, tais voltas subseqüentes do pecado são conseqüências necessárias e evidencias da primeira (Cf. João 13:10). Mas não implicam, como a primeira, mudança na disposição regente, - antes são novas manifestações da disposição já mudada. Por esta razão, a conversão própria, como a regeneração, de que é o lado obverso, pode ocorrer apenas uma vez.”- A. H. Strong, em Systematic Theology, pág. 461.

Neste capítulo temos referência ao sentido técnico e teológico da conversão como dado no primeiro caso supra.
II. A ORDEM LÓGICA DE VIVIFICAÇÃO E CONVERSÃO
Como afirmamos acima, vivificação e conversão parecem ser os lados divinos da regeneração ou o novo nascimento. É nosso propósito agora, portanto, considerar a questão quanto ao que é logicamente primeiro, o lado divino ou o humano, na regeneração. Propôs esta questão é respondê-la a todos que são capazes de pensar logicamente. O lado divino é certíssima e logicamente anterior ao lado humano. Em consideração desta atitude notemos:
1. PROVAS APRESETADAS
(1). A conversão envolve virar-se do pecado, o que o homem por natureza não pode fazer.
Por natureza o homem pode reformar sua vida até um certo ponto: pode virar-se de algumas formas de pecado; mas, por natureza não pode mudar a disposição regente de sua natureza. Está isso provado em Jer. 13:23, que reza: “Pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Assim podeis vós também fazer o bem, acostumados a fazer o mal?” O pecador está acostumado a fazer o mal; logo, é-lhe impossível virar-se do mal (pecado) até que sua disposição regente se mude. Isto é só tão impossível como é para o mais preto dos negros fazer-se branco, ou o leopardo despir-se do seu manto malhado.

(2). A conversão é agradável a Deus e o homem natural não pode agradar a Deus.
Ninguém pode duvidar da primeira parte da afirmação supra. A última parte está provada em Rom. 8:8, que diz: “Os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Isto inclui a todos a quem Deus não deu uma nova natureza.

(3). A conversão é uma boa coisa e nenhuma boa coisa pode proceder do coração natural
Disse Paulo que não havia nenhuma coisa boa na sua natureza carnal (Rom. 7:18). Esta é a única natureza que o homem possui até que Deus lhe de uma nova; portanto, a doação da nova natureza, ou vivificação, deve vir antes da conversão. Afirmar diferente é negar a depravação total, a qual significa que o pecado permeou cada parte do ser humano e envenenou cada faculdade, não deixando no homem natural nenhuma coisa boa.

(4). A conversão envolve submeter-se alguém à vontade ou à Lei de Deus e isto é impossível ao homem natural
Que tal é impossível ao homem natural está estabelecido em Rom. 8:7, onde lemos: “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus e nem em verdade o pode ser.”

(5). A conversão envolve receber a Cristo como Salvador de uma pessoa, o que é uma coisa espiritual, e o homem natural não pode receber coisas espirituais.
Esta última verdade está declarada em 1 Cor. 2:14; como segue: “O homem natural não pode receber as coisas de Espírito de Deus: porque são para ele loucura; não pode conhece-las, porque se discernem espiritualmente.” Se a verdade do poder salvador de Cristo pela fé não é uma coisa do Espírito de Deus, a saber, uma coisa que o homem pode entender somente pela revelação do Espírito, então que verdade é uma coisa do Espírito de Deus?

(6). A conversão envolve fé e a fé opera-se no homem pelo mesmo poder que levantou Jesus dentre os mortos.
Tal é a declaração de Efe. 1:19,20, na qual lemos da “sobre-excelente grandeza do Seu poder em nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu poder, a qual operou em Cristo ressucitando-O dos mortos.”

(7). A conversão é uma ressurreição espiritual e numa ressurreição a comunicação da Vida Deve sempre preceder a manifestação da Vida nascente
A conversão está representada em Efe. 2:4-6 como uma ressurreição espiritual, que diz: “Deus, que é rico em misericórdia, pelo Seu grande amor com que nos amou, ainda quando estávamos mortos em pecados, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça somos salvos); e juntamente nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.” O ressuscitar aqui representa a conversão. Assim, a questão que estamos considerando é quanto ao que é primeiro, o vivificar ou o ressuscitar. Não pode haver dúvida razoável que o vivificar é o primeiro num sentido lógico.

(8). A conversão envolve a vinda de Cristo e o ato do Pai em dar homens a Cristo precede a vinda deles a Cristo
Em João 6:37 lemos como segue: “Todos quantos o Pai me dá virão a mim.” Certamente que esta passagem coloca o ato do Pai em dar homens a Cristo logicamente anterior à vinda deles a Ele, o Filho. Este ato do Pai é um ato discriminativo e efetivo, porque todos que são dados vem e todos os homens não vem. De modo que este ato de dar não podia aludir ao mero dar da oportunidade de vir a Cristo nem podia aludir à “graciosa habilidade” assim chamada ou “graça proveniente” que se supõe pelos seus advogados ser dispensada a todos os homens. O ato não pode referir-se a nada menos que à doação atual de homens à possessão imediata de Cristo por vivificá-los à vida. Os homens vêm a Cristo na conversão. Assim o vivificar deve preceder a conversão.

(9). A conversão envolve a vinda a Cristo e nenhum homem pode vir a Cristo a menos que Deus lhe de habilidade para fazer assim
Em João 6:35 lemos: “Nenhum homem pode vir a mim se por meu Pai lhe não for concedido.” Esta passagem, como a notada há pouco, não se refere à mera doação de oportunidade de vir a Cristo, nem à comunicação de “habilidade graciosa” assim chamada ou “graça proveniente” pelas mesmas razões apresentadas supra em comentar João 6:37. Esta última passagem, assim como a primeira, refere-se a um ato discriminativo, efetivo. O contexto o faz claro no caso de João 6:65. As palavras desta passagem foram faladas em vista de e como uma explicação do fato que alguns não crêem.

Nenhuma destas últimas passagens pode referir-se a qualquer espécie de mera ajuda que Deus pudesse supostamente dispensar ao homem natural, porque arrependimento e fé não podem proceder do coração natural, segundo já o mostramos. Ambas as passagens não podem referir-se a nada menos que o poder vivificador de Deus, no qual os homens se habilitam a vir a Cristo.