quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A CONVERSÃO...

Um Estudo Sistemático de Doutrina Bíblica

Virando do lado divino da salvação para o humano, somos trazidos a uma consideração da conversão. Notamos:
I. A CONVERSÃO DEFINIDA

1. A CONVERSÃO PROPRIAMENTE

Por conversão propriamente queremos dizer o sentido técnico e teológico em que o termo é comumente usado. Neste sentido tem sido definido como segue:
“Conversão é aquela mudança voluntária na mente do pecador em que ele se vira do pecado, por um lado, e para Cristo, doutro lado. O elemento primário e negativo da conversão, nomeadamente, virar-se do pecado, denominamos arrependimento. O elemento da conversão, último e positivo, nomeadamente virar-se para Cristo, denominamos fé.” E outra vez: “Conversão é o lado humano ou aspecto daquela mudança espiritual fundamental, que, vista do lado divino, chamamos regeneração.” - A. H. Strong, em Systematic Theology, pág. 460.

Podemos ir mais longe do que Strong vai à última citação e dizer que a regeneração, ou o novo nascimento, no seu sentido mais largo, inclui a conversão, que está assim apresentada em tais passagens como Ti. 1:18 e 1 Pedro 1:23, onde a Palavra de Deus está distintamente representada como o instrumento do Espírito Santo na regeneração. Se o novo nascimento significasse somente a comunhão de vida, então não haveria necessidade da instrumentalidade da Palavra. De modo que podemos dizer que a regeneração tem tanto do lado divino como do humano. O lado divino podemos chamar vivificação e o humano conversão. Aquelas passagens que falam de vivificação tem referência, talvez, só ao lado divino , enquanto que as passagens que falam de regeneração, gerar e nascimento, referem-se à obra completa de trazer o homem do pecado à fé salvadora em Cristo.

2. CONVERSÃO NO SEU SENTIDO GERAL
“Do fato de a Palavra “conversão” significar, simplesmente, um “virar”, toda volta do cristão do pecado, subseqüente à primeira, pode, num sentido subordinado, ser denominado uma conversão (Lc. 22:32). Desde que a regeneração não é santificação completa e a mudança da disposição regente não é idêntica à purificação completa da natureza, tais voltas subseqüentes do pecado são conseqüências necessárias e evidencias da primeira (Cf. João 13:10). Mas não implicam, como a primeira, mudança na disposição regente, - antes são novas manifestações da disposição já mudada. Por esta razão, a conversão própria, como a regeneração, de que é o lado obverso, pode ocorrer apenas uma vez.”- A. H. Strong, em Systematic Theology, pág. 461.

Neste capítulo temos referência ao sentido técnico e teológico da conversão como dado no primeiro caso supra.
II. A ORDEM LÓGICA DE VIVIFICAÇÃO E CONVERSÃO
Como afirmamos acima, vivificação e conversão parecem ser os lados divinos da regeneração ou o novo nascimento. É nosso propósito agora, portanto, considerar a questão quanto ao que é logicamente primeiro, o lado divino ou o humano, na regeneração. Propôs esta questão é respondê-la a todos que são capazes de pensar logicamente. O lado divino é certíssima e logicamente anterior ao lado humano. Em consideração desta atitude notemos:
1. PROVAS APRESETADAS
(1). A conversão envolve virar-se do pecado, o que o homem por natureza não pode fazer.
Por natureza o homem pode reformar sua vida até um certo ponto: pode virar-se de algumas formas de pecado; mas, por natureza não pode mudar a disposição regente de sua natureza. Está isso provado em Jer. 13:23, que reza: “Pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Assim podeis vós também fazer o bem, acostumados a fazer o mal?” O pecador está acostumado a fazer o mal; logo, é-lhe impossível virar-se do mal (pecado) até que sua disposição regente se mude. Isto é só tão impossível como é para o mais preto dos negros fazer-se branco, ou o leopardo despir-se do seu manto malhado.

(2). A conversão é agradável a Deus e o homem natural não pode agradar a Deus.
Ninguém pode duvidar da primeira parte da afirmação supra. A última parte está provada em Rom. 8:8, que diz: “Os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Isto inclui a todos a quem Deus não deu uma nova natureza.

(3). A conversão é uma boa coisa e nenhuma boa coisa pode proceder do coração natural
Disse Paulo que não havia nenhuma coisa boa na sua natureza carnal (Rom. 7:18). Esta é a única natureza que o homem possui até que Deus lhe de uma nova; portanto, a doação da nova natureza, ou vivificação, deve vir antes da conversão. Afirmar diferente é negar a depravação total, a qual significa que o pecado permeou cada parte do ser humano e envenenou cada faculdade, não deixando no homem natural nenhuma coisa boa.

(4). A conversão envolve submeter-se alguém à vontade ou à Lei de Deus e isto é impossível ao homem natural
Que tal é impossível ao homem natural está estabelecido em Rom. 8:7, onde lemos: “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus e nem em verdade o pode ser.”

(5). A conversão envolve receber a Cristo como Salvador de uma pessoa, o que é uma coisa espiritual, e o homem natural não pode receber coisas espirituais.
Esta última verdade está declarada em 1 Cor. 2:14; como segue: “O homem natural não pode receber as coisas de Espírito de Deus: porque são para ele loucura; não pode conhece-las, porque se discernem espiritualmente.” Se a verdade do poder salvador de Cristo pela fé não é uma coisa do Espírito de Deus, a saber, uma coisa que o homem pode entender somente pela revelação do Espírito, então que verdade é uma coisa do Espírito de Deus?

(6). A conversão envolve fé e a fé opera-se no homem pelo mesmo poder que levantou Jesus dentre os mortos.
Tal é a declaração de Efe. 1:19,20, na qual lemos da “sobre-excelente grandeza do Seu poder em nós, os que cremos, segundo a operação da força do Seu poder, a qual operou em Cristo ressucitando-O dos mortos.”

(7). A conversão é uma ressurreição espiritual e numa ressurreição a comunicação da Vida Deve sempre preceder a manifestação da Vida nascente
A conversão está representada em Efe. 2:4-6 como uma ressurreição espiritual, que diz: “Deus, que é rico em misericórdia, pelo Seu grande amor com que nos amou, ainda quando estávamos mortos em pecados, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça somos salvos); e juntamente nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.” O ressuscitar aqui representa a conversão. Assim, a questão que estamos considerando é quanto ao que é primeiro, o vivificar ou o ressuscitar. Não pode haver dúvida razoável que o vivificar é o primeiro num sentido lógico.

(8). A conversão envolve a vinda de Cristo e o ato do Pai em dar homens a Cristo precede a vinda deles a Cristo
Em João 6:37 lemos como segue: “Todos quantos o Pai me dá virão a mim.” Certamente que esta passagem coloca o ato do Pai em dar homens a Cristo logicamente anterior à vinda deles a Ele, o Filho. Este ato do Pai é um ato discriminativo e efetivo, porque todos que são dados vem e todos os homens não vem. De modo que este ato de dar não podia aludir ao mero dar da oportunidade de vir a Cristo nem podia aludir à “graciosa habilidade” assim chamada ou “graça proveniente” que se supõe pelos seus advogados ser dispensada a todos os homens. O ato não pode referir-se a nada menos que à doação atual de homens à possessão imediata de Cristo por vivificá-los à vida. Os homens vêm a Cristo na conversão. Assim o vivificar deve preceder a conversão.

(9). A conversão envolve a vinda a Cristo e nenhum homem pode vir a Cristo a menos que Deus lhe de habilidade para fazer assim
Em João 6:35 lemos: “Nenhum homem pode vir a mim se por meu Pai lhe não for concedido.” Esta passagem, como a notada há pouco, não se refere à mera doação de oportunidade de vir a Cristo, nem à comunicação de “habilidade graciosa” assim chamada ou “graça proveniente” pelas mesmas razões apresentadas supra em comentar João 6:37. Esta última passagem, assim como a primeira, refere-se a um ato discriminativo, efetivo. O contexto o faz claro no caso de João 6:65. As palavras desta passagem foram faladas em vista de e como uma explicação do fato que alguns não crêem.

Nenhuma destas últimas passagens pode referir-se a qualquer espécie de mera ajuda que Deus pudesse supostamente dispensar ao homem natural, porque arrependimento e fé não podem proceder do coração natural, segundo já o mostramos. Ambas as passagens não podem referir-se a nada menos que o poder vivificador de Deus, no qual os homens se habilitam a vir a Cristo. 

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