quinta-feira, 21 de abril de 2011

História do Metodismo no Brasil (Parte 08)

Rev. Kidder, figura extraordinária
Kidder era ainda jovem quando embarcou para o Brasil, pois contava apenas vinte e dois anos de idade. Mas já possuia boa dose de experiencia. Havia-se convertido quando adolescente e se unira a Igreja Metodista, a contragosto da familia. Estou em diversos colegios e, por ultimo, formou-se na Wesleyan University em 1836. Já então se decidira pelo pastorado e chegara ate a sonhar em ir para a China como missionario. Não conseguindo realizar este proposito, aceitou o convite que lhe endereçou o Bispo Waugh, em 1837, para trabalhar no Brasil. Aqui chegando com a familia, entrou imediatamente em atividade. Alem do estudo da lingua portuguesa, iniciado quando navegava no "Avon", e dos cultos que dirigia em Engenho Velho ou na cidade, substituindo Spaulding, devotou-se especialmente a divulgação das Escrituras na forma impressa, e a do seu ensino atraves de folhetos. Todas as oportunidades eram sabiamente aproveitadas no sentido de levar ao povo a Palavra de Deus, quer se tratasse de simples passeio, ou de reunião festiva, de visita familiar, hospitalar ou a pessoa de destaque. Kidder costumava presentear com um volume da Biblia ou do Novo Testamento, ou com um folheto, a quem lhe prestasse algum favor ou gentileza. Havia gente que vinha pedir-lhe o precioso livro, desde modestos trabalhadores ate diretores de escolas; outros o faziam por carta. Por diversas vezes encontrou mesmo a simpatia de sacerdotes, aqui e ali. As remessas nunca bastavam para atender a obra empreendida, fosse o escrito em ingles, frances ou portugues. A Sociedade Biblica Americana, de que era agente, mandava-lhe exemplares de quando em quando.
O Rev. Kidder não se limitou a capital, ou Corte como se dizia, nem aos vilarejos existentes ao longo do percurso ate ao Macacu. Viajou tambem a cidade de São Paulo e foi ao interior da provincia, sempre com o objetivo de verificar as condições de cada lugar, distribuir a Palavra de Deus e fazer novas amizades. Na capital bandeirante travou contato com o ex-p´residente da provincia, Rafael Tobias de Aguiar, com o Senhor Vergueiro, com o Padre Feijó, com o Conselheiro Brotero, presidente em exercicio da Faculdade de Direito, com os Andradas e com outras pessoas ilustres. Nessa oportunidade visitou por mais de uma vez a Assembleia Provincial tendo, então, sugerido a diversos de seus membros a introdução da Biblia, como livro texto das escolas, obrigando-se ele, Kidder, a fornecer os volumes necessarios. A ideia teve boa acolhida e o deputado Antonio Carlos de Andrada se incumbiu de encaminhar a proposta a egrégia Assembléia, mas quando tudo ia caminhando quse sem entraves, um sacerdote residente no Rio de Janeiro, insinuou ao bispo desta diocese que a tradução talvez houvesse sofrido alterações, e isto bastou para impedir o andamento do projeto.
Da viagem a Provincia de São Paulo deixou o Rev. Kidder interessante e valioso relato, bem como da que empreendeu ao nordeste do Brasil - Sua obra traduzida sob o titulo de Reminiscencias de Viagens e Permanencia no Brasil, é considerada classica, pois, de modo geral, descreve com fidelidade tudo quando observou nos curtos anos que viveu em nossa Pátria. De outro lado, revelou-se de grande utilidade no tornar melhor conhecido o Brasil entre os de lingua inglesa naquela época, e bem assim entre nós, os das novas gerações.
Sabemos que o ilustre missionario escreveu diversos outros trabalhos e colaborou posteriormente na redação de O Brasil e os Brasileiros, do Rev. J.C. Fletcher, presbiteriano. Foi, portanto, com sobejas razões, que na sessão de 5 de junho de 1841 no Instituto Historico e Geografico Brasileiro seu nome foi apresentado, afim de ser inscrito no rol dos socios correspondentes do sodalicio.

Fonte: História do Metodismo no Brasil - José Gonçalves Salvador - Imprensa Metodista

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